quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O INVERNADEIRO- GALÍCIA



Dai-me a casa vazia e simples onde a luz é preciosa. Dai-me a beleza intensa e nua do que é frugal. Quero comer devagar e gravemente como aquele que sabe o contorno carnudo e o peso grave das coisas.
Não quero possuir a terra mas ser um com ela. Não quero possuir nem dominar porque quero ser: esta é a necessidade.
Com veemência e fúria defendo a fidelidade ao estar terrestre. O mundo do ter perturba e paralisa e desvia em seus circuitos o estar, o viver, o ser. Dai-me a claridade daquilo que é exactamente o necessário. Dai-me a limpeza de que não haja lucro. Que a vida seja limpa de todo o luxo e de todo o lixo. Chegou o tempo da nova aliança com a vida. 
inédito sem data


Sophia
de Mello
Breyner
Andresen

(In: http://purl.pt/19841/1/1990/1990.html)




É talvez o Outono, a época do ano em que melhor se revela este sentimento de que estamos ligados à Natureza, que lhe pertencemos, como filhos (a maior parte das vezes como enteados destruidores) que não podemos escapar-lhe, que somos folhas e água e cor e vida, porque somos também Natureza.

É a ela que me tento ligar de várias formas, seja através da caminhada, seja pelas fotos, seja pelo simples executar algumas actividades ditas "agrícolas, seja apenas na contemplação.

No entanto, só Sophia para evidenciar desta forma tão bela o que muitas vezes não sei dizer... pelo menos, não desta forma, tão poética, tão cheia de sentimento, tão límpida!

Outono; cores de aconchego de uma lareira. Sente-se o frio (que parece não vir este ano), sente-se mais o nascer do sol, sente-se mais a Natureza que agora parece querer hibernar.

Desta vez, a poucos quilómetros de Chaves, já na Galiza, no Parque Natural d'O Invernadeiro, um Outono de luz e cor assim:



Levada n'O Invernadeiro (Galícia)


 A Ribeira Pequena


Poisonous


Antes de ser húmus


Quase caída no esquecimento (OUTONO)


Porto de abrigo


Mist


Water-Fall


Living leaves


Amanita muscaria


Em direcção à saída







Continuarei a recusar-me a escrever sob  CUSTÓDIA DE UM PÉSSIMO ACORDO ORTOGRÁFICO. Desculpem os "erros""










segunda-feira, 2 de novembro de 2015

AÇORES- S. Miguel




Há um certo deslumbramento para quem, como eu, visita pela primeira vez a nossa maior ilha. Um deslumbramento que vem da luz das nuvens e do céu, ou a luz das águas das lagoas, ou dos reflexos antepassados da rugosidade do território... não sei! Deslumbrei-me com tanto verde e beleza, tanta beleza concentrada num só local.


Contemplação


Sonho de olhos abertos, caminhando
Não entre as formas já e as aparências,
Mas vendo a face imóvel das essências,
Entre idéias e espíritos pairando...

Que é o mundo ante mim? fumo ondeando,
Visões sem ser, fragmentos de existências...
Uma névoa de enganos e impotências
Sobre vácuo insondável rastejando...

E d'entre a névoa e a sombra universais
Só me chega um murmúrio, feito de ais...
É a queixa, o profundíssimo gemido

Das coisas, que procuram cegamente
Na sua noite e dolorosamente
Outra luz, outro fim só presentido...

Antero de Quental, in "Sonetos"






E apenas me contento com a contemplação, (algo que este açoreano muito terá feito naquelas falésias e vistas sobre azul imenso banhado em muito verde), que às vezes transporto para aqui, para poder partilhar com outros.






Hoje, estas fotos vão dedicadas aos amigos Priscilla e José... amigos que num grande esforço, nos visitaram.


Lagoa do Congro 

O verde e a flor

Jurassic Park

Antes do verde

Half-west

Geografia às cores

the milky-way to the blue

Força insular

Silence

Hortenses

Excessos

She's the light

TBC


terça-feira, 10 de março de 2015

DRAVE

Este título pode chamar a atenção de um modo inusitado... no entanto, Drave é, de facto, um pequeno paraíso surpresa, no panorama montanhoso deste país semi abandonado.

Quase não adianta falar desta aldeia "enterrada" entre as serranias de uma Beira Litoral interior, afinal tão bela. Não porque o não mereça, mas porque se lhe retira o valor ao tentar igualar o que os nossos sentidos nos oferecem,estremecendo, ao estar e percorrer as sua ruas, sentir a sua luz na pele quando o sol se põe mais cedo do que noutra terra qualquer.

Drave está abandonada..., isto é, já não há almas autóctones; aqueles que montaram pedra sobre pedra e construíram aquilo que se vê; já não há crianças descalças sobre a neve, ou nuas a banhar-se no ribeiro; já não se fazem os campos de centeio ou de batatas; já não há gado a pastar os lameiros...

Drave está, no entanto a ser reconstruída, lentamente, pelos escuteiros portugueses. De onde em onde há casas a voltar a ter alma.

Numa pequena viagem a pé, descobri esta aldeia.Não foi diferente do que acontece a qualquer outra pessoa quando ali chega: fiquei fascinado!

Talvez as minhas imagens consigam mostrar um pouco do que vi e senti naquele local... Apenas talvez, porque o mais importante é conhecer, estar lá, sentir o silêncio e o milagre de um  mundo que parece já nem existir.



O acesso a Drave via Regoufe. Serra majestosa!


Drave ali assim "encaixada"


Quase à entrada da aldeia, quem olha para trás.


A partir daqui, sem palavras...



































Nesta terra a luz chega mais tarde e vai embora mais cedo. A espera da vida fez-se ao rito ancestral do universo, o único ritmo celestial, correcto.



(Recusamo-nos a usar o novo acordo ortográfico- é ainda impossível percebê-lo e achamos que ele é errado!)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CAMINHOS DE SANTIAGO- Camino Ingles: de Ferrol a Neda

Desde os primórdios da Humanidade que 'calcorrear o mundo' é uma actividade não apenas de prazer, mas também de necessidade. O Homem sobreviveu neste mundo à custa da deslocação, da busca de novos caminhos, da procura do desconhecido, sendo o descobridor, o 'pathfinder', o eterno migrante  na busca de tudo o que lhe permitisse sobreviver, ou viver melhor.

Hoje, caminhar é também uma questão de necessidade, para além do prazer que isso realmente nos oferece. Cada caminho é uma descoberta, um prazer e uma necessidade. Algo que nos faz reencontrar com o 'eu' que por vezes nos esquecemos que existe, ou nem sequer sabemos que existe.

Os Caminhos de Santiago, em primeiro lugar são caminhos fáceis porque já marcados e trilhados, oferecendo-nos um sentido sempre coerente e certo, sem erros. E esta segurança é necessária neste mundo tão novo: A Modernidade
Em segundo lugar, não sendo um homem religioso, há um não sei quê de espiritual, que se vai encontrando a cada passada. Talvez seja este o sentido ancestral que nos está fincado no ADN. 
E há ainda o desafio das longas distâncias, para quem habitualmente está confinado apenas aos passinhos do dia a dia.

Por isso, mais um caminho, só em fotos, sem grandes palavras mas com muita sensação.

FERROL- NEDA:primeira etapa

Marco inicial do caminho


Caminante compañero


Barco em Ferrol


Início do percurso nas ruas antigas de Ferrol



Porto militar



Protesto dos pescadores no Porto de Ferrol


Igreja de Santa María de Caranza



A Ría n'A Gándara


A Faísca


Mosteiro de s. Martiño de Xubia


Moinho de marés em Outeiro


Neda


Albergue de Neda

Etapa sem grandes dificuldades, com muita paisagem misturada... de tanta confusão paisagística parecia Portugal. Mau: foi mesmo a zona industrial de a Gándara, onde até a Ría cheirava mal, embora a paisagem fosse deslumbrante, com nuvens a condizer. Vale a pena contornar as rias,devido à paisagem marinha neste troço.